
O Brasil enfrenta uma crise sem precedentes na saúde mental dos trabalhadores, e os advogados fazem parte das estatísticas.
De acordo com uma matéria do G1, o número de afastamentos por transtornos como ansiedade e depressão bateu recorde nos últimos dez anos. Apenas em 2024, foram mais de 472 mil afastamentos por questões de saúde mental, um crescimento alarmante de 400% em relação a 2020.
Na advocacia, essa realidade é ainda mais brutal. O modelo de contratação predominante nos escritórios, que opera sem vínculo formal via CLT, agrava ainda mais essa crise.
Advogados trabalham sob pressão constante, sem direito a afastamento remunerado, sem estabilidade e muitas vezes sem qualquer suporte psicológico ou estrutura para lidar com a carga emocional que a profissão exige.
O resultado? Um ambiente de trabalho tóxico, onde a exaustão não é um risco, mas sim uma certeza.
"Ignorar a saúde mental dos seus advogados não é economia, é miopia. Escritórios que sufocam talentos hoje, pagarão caro pela fuga deles amanhã.
"
A grande ironia é que advogados são especialistas em direitos, mas vivem uma realidade sem garantias básicas. A maioria dos escritórios contrata advogados como “associados”, o que na prática significa que eles atuam como PJ (Pessoa Jurídica), assumindo riscos financeiros e tributários que, em um regime CLT, seriam responsabilidade do empregador.
Isso cria um ciclo perverso:
Sem vínculo formal, não há afastamento remunerado por doença.
Sem estabilidade, muitos escondem seus problemas de saúde mental por medo de perder espaço no mercado.
Sem benefícios, pagar terapia ou tratamentos psiquiátricos sai do próprio bolso.
Sem limites, a carga horária se expande até virar uma bomba-relógio de burnout.
Isso se reflete nos números alarmantes: segundo dados do Ministério da Previdência Social, os afastamentos por transtornos mentais aumentaram mais de 400% nos últimos anos.
Mas quantos desses advogados PJ sequer aparecem nessas estatísticas, já que não podem se afastar oficialmente?
Para entender melhor essa realidade, a Advoco Brasil conduziu uma pesquisa de clima organizacional com advogados de diferentes escritórios. Os resultados não deixam dúvidas: a insatisfação é generalizada e aponta para uma crise estrutural na advocacia brasileira.
Falta de clareza e reconhecimento: Muitos advogados sentem que não há critérios claros para remuneração e promoções. Além disso, a falta de feedback e reconhecimento por parte da liderança é um dos fatores mais desmotivadores.
Sobrecarga e ausência de suporte: Advogados relataram que a carga de trabalho é excessiva e que há pouca preocupação com o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Problemas na comunicação interna: Muitos sentem que suas opiniões não são levadas em conta e que há um abismo entre a liderança e os advogados.
Remuneração e benefícios insatisfatórios: A maioria dos respondentes afirmou que a remuneração não condiz com a carga de trabalho e que os benefícios oferecidos são insuficientes.
Falta de perspectiva de crescimento: A pesquisa revelou que muitos advogados não enxergam oportunidades concretas de desenvolvimento dentro dos escritórios.
A pesquisa abrangeu 192 profissinais. Esses dados mostram que a cultura atual da advocacia está empurrando os profissionais para o limite, sem oferecer suporte adequado. Ignorar essa realidade não é mais uma opção.
O modelo tradicional de advocacia opera sob um regime de pressão constante e competitividade extrema. Em muitos escritórios, demonstrar fragilidade é sinônimo de fraqueza profissional.
Isso gera uma cultura de silenciamento, onde advogados que sofrem com ansiedade, depressão ou burnout são estimulados a “engolir o choro” e continuar produzindo. Isso se traduz em um ambiente de trabalho tóxico onde o único caminho aceitável é suportar a pressão até não aguentar mais.
A pergunta é: até quando essa dinâmica vai se sustentar? E mais importante, quem ganha e quem perde com isso?
"Um advogado exausto não vence causas, apenas sobrevive a elas. Se a sua equipe está no limite, sua produtividade já está em colapso – só você ainda não percebeu.
"
O maior perigo dessa crise de saúde mental não é apenas o sofrimento individual dos advogados, mas os efeitos cascata que ela gera na prestação de serviços jurídicos.
Um advogado sobrecarregado e em constante estado de exaustão:
Toma decisões menos precisas, aumentando erros processuais.
Tem menos paciência para lidar com clientes, comprometendo o atendimento.
Vê a profissão como um fardo, em vez de um instrumento de justiça.
Ou seja, a cultura que desumaniza os advogados acaba fragilizando o próprio sistema de justiça.
Sabemos que não é do dia para a noite que todos os escritórios de advocacia adotarão o modelo CLT. Isso está profundamente enraizado na cultura da advocacia no Brasil.
No entanto, ignorar os impactos da crise de saúde mental não é uma opção. Com tantos afastamentos por burnout, ansiedade e depressão, todos saem perdendo. A produtividade cai, a qualidade da produção jurídica é comprometida e o ambiente de trabalho se torna insustentável. Os dados estão aí! Não adianta fechar os olhos.
Portanto, algumas ações concretas podem ser adotadas para equilibrar essa equação:
Plano de remuneração e carreira: Criar mecanismos genuínos para que o advogado avance como profissional maduro e seja remunerado proporcionalmente ao seu crescimento e desempenho.
Distribuição real dos lucros: Estabelecer critérios de participação nos resultados, seja por desempenho, seja pela atuação em casos de grande impacto.
Avaliação profissional do clima organizacional: Implementar pesquisas de satisfação e programas nos quais os próprios advogados possam sugerir melhorias e atuar diretamente sobre elas. A pesquisa da Advoco Brasil mostrou que a falta de clareza sobre expectativas e metas é um fator crítico para a insatisfação.
Treinamentos contínuos: Muitos escritórios querem um profissional pronto, mas isso não existe. Investir em capacitação técnica e comportamental é essencial para reduzir o estresse e aumentar a eficiência.
Modelo de trabalho híbrido ou home office: Adotar um regime mais flexível pode aliviar a sobrecarga emocional e permitir melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal. A pesquisa apontou que o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é um dos pontos mais críticos de insatisfação entre os advogados.
Liderança humanizada: Sócios e gestores precisam liderar pelo exemplo, promovendo um ambiente de trabalho saudável e sustentável.
Essas mudanças não exigem revoluções drásticas, mas sim um compromisso real com o bem-estar dos profissionais. Afinal, advogados mentalmente saudáveis são mais produtivos, engajados e capazes de entregar um serviço jurídico de qualidade superior.
A crise de saúde mental na advocacia não é um problema individual, mas sistêmico. A pergunta é: estamos dispostos a repensar a forma como a advocacia é exercida no Brasil? Ou vamos continuar fingindo que tudo bem perder advogados para o burnout enquanto os escritórios seguem lucrando com uma mão de obra sempre substituível?
A escolha é coletiva. Mas o tempo para decidir está se esgotando.
Ouça uma conversa descontraída no PodCast DeepDive
"A cultura do ‘trabalhe até cair’ já caiu. Escritórios que não priorizarem o bem-estar dos advogados logo enfrentarão um tribunal ainda mais implacável: o mercado
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