Participação feminina nos escritórios de advocacia e liderança: uma conversa necessária

Vamos falar sobre algo que todo mundo comenta nos corredores, mas que ainda precisa de mais ação: a participação feminina nos escritórios de advocacia e nos cargos de liderança.

Apesar de termos avançado, as mulheres ainda esbarram em barreiras que parecem invisíveis, mas são bem reais quando tentam chegar ao topo das bancas. Os números não mentem, e é sobre eles que vamos conversar agora, explorando os desafios que limitam o avanço feminino no mundo jurídico.

A presença feminina no mercado jurídico: onde estamos?

Olha só, as mulheres já são quase metade dos advogados inscritos na OAB. Isso é incrível, certo? Mais especificamente, cerca de 57% dos advogados em início de carreira são mulheres, segundo o Censo Jurídico da OAB. Mas quando a gente olha para os cargos de liderança, a coisa muda de figura. Em escritórios de grande porte, apenas 30% das sócias plenas são mulheres, de acordo com o estudo da Legal Diversity & Inclusion Survey (2022). E pior, só 20% ocupam posições de liderança executiva nas bancas.

Por que isso é importante? Porque diversidade de gênero não é só um discurso bonito; é estratégico. Um ambiente com mais mulheres em posições de destaque tende a ser mais inclusivo e a tomar decisões que refletem melhor a sociedade como um todo. E isso, meus amigos, beneficia todo mundo.

Os obstáculos no caminho das advogadas

1. A maternidade como desafio

Muitas advogadas se veem num verdadeiro malabarismo ao tentar equilibrar a carreira com a maternidade. A realidade é que, em muitos escritórios, ainda existe aquela expectativa silenciosa de que os sócios estejam disponíveis 24/7. Isso coloca uma pressão enorme nas mulheres que têm filhos. Segundo o Women in the Legal Industry Report (2023), 60% das mulheres sentem que a maternidade prejudicou suas chances de promoção. Complicado, não?

2. Cultura corporativa ainda masculina

Vamos ser sinceros: a cultura de muitos escritórios ainda é dominada por valores masculinos. Isso significa ambientes mais competitivos e menos colaborativos, o que nem sempre favorece a ascensão feminina. Além disso, as mulheres frequentemente têm menos acesso a mentorias e redes de contato influentes. Apenas 35% das advogadas contam com mentores homens, que geralmente são quem detém o poder nos escritórios.

3. A velha questão da competência percebida

Apesar de representarem uma parcela significativa dos profissionais jurídicos, muitas mulheres ainda enfrentam o viés inconsciente que associa competência a homens, especialmente em casos complexos. Isso resulta em menos visibilidade e, consequentemente, menos oportunidades de promoção para as advogadas.

Números que falam por si

50%: Mulheres nos escritórios de advocacia no início de carreira.
30%: Proporção de sócias plenas mulheres em grandes escritórios.
20%: Mulheres em cargos de liderança executiva nos maiores escritórios do Brasil.
60%: Mulheres que veem a maternidade como obstáculo à promoção.
35%: Advogadas com mentores homens, segundo o Women in the Legal Industry Report (2023).

Iniciativas que estão fazendo a diferença

Flexibilidade é a chave

Escritórios como Mattos Filho e Machado Meyer estão abrindo caminho com políticas de home office e horários flexíveis, especialmente pensadas para atender às necessidades das mulheres. E sabe o que aconteceu? Eles viram uma redução de 30% na saída de mulheres após implementarem essas práticas.

Programas de liderança feminina

O escritório Lefosse, por exemplo, investiu em programas de aceleração de carreira para mulheres. Com mentorias internas, eles conseguiram aumentar a presença feminina na liderança em até 15% nos últimos três anos. Isso é um avanço e tanto!

Para onde vamos?

A realidade é que a participação feminina nos escritórios de advocacia e nos cargos de liderança ainda não é proporcional à entrada delas no mercado. Mas nem tudo está perdido. Estamos vendo um movimento positivo, impulsionado por políticas de inclusão e uma pressão social por mais diversidade.

Então, qual é o próximo passo? Não basta só mudar as regras internas; precisamos mudar a mentalidade. Escritórios que investem em lideranças femininas não estão fazendo um favor a ninguém; estão fortalecendo suas próprias estruturas. Um ambiente de trabalho equilibrado e diverso é mais inovador e responde melhor às complexidades do mundo atual.

Fontes principais:
https://www.poder360.com.br/poder-empreendedor/so-5-dos-ceos-no-brasil-sao-mulheres/
https://iniciativaempresarial.com.br/mulheresceos/
https://oglobo.globo.com/mundo/g20-no-brasil/noticia/2024/04/09/proporcao-de-mulheres-em-cargos-de-lideranca-no-brasil-supera-media-do-g20.ghtml
https://forbes.com.br/forbes-mulher/2024/03/mulheres-ocupam-38-dos-cargos-de-lideranca-no-brasil-e-sao-mais-bem-avaliadas-pelo-time/
https://forbes.com.br/forbes-mulher/2023/05/lideranca-feminina-cresce-no-brasil-e-mulheres-ocupam-17-das-presidencias/

André Medeiros é especialista em gestão para escritórios de advocacia e entusiasta da Inteligência Artificial no Direito e Legal Design. Acompanhe suas análises e insights sobre o futuro da advocacia.