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VUCA vs. BANI: liderança e gestão jurídica na era da inteligência artificial

Você, advogado, advogada, já sentiu que o mundo jurídico está mudando mais rápido do que o tempo que você tem para ler todas as atualizações do mundo jurídico, inclusive sobre os impactos nos negócios e vidas dos clientes?

Pois é, não está fácil. O que funcionava bem até ontem pode não ser suficiente hoje. Durante anos, o termo “VUCA” – Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade – foi o mantra para descrever o ambiente de negócios.

Mas, me desculpe te informar que, a verdade é que a coisa ficou ainda mais complicada.

Se o VUCA já te deixava de cabelo em pé, prepare-se para o BANI: Brittle (Frágil), Anxious (Ansioso), Non-linear (Não Linear) e Incomprehensible (Incompreensível).

Parece assustador? E é! A grande questão é que agora, além de complexo e incerto, o mundo se mostra frágil, gerador de ansiedade, não linear e incompreensível.

Isso afeta diretamente a liderança, a gestão, o relacionamento com clientes e até o futuro da advocacia com a chegada da Inteligência Artificial. Mas calma, nem tudo está perdido.

Neste artigo, vamos mergulhar nesse novo cenário, desvendar esses conceitos e mostrar como você pode, não só sobreviver, mas prosperar no mundo BANI.

Vamos juntos entender essa sopa de letrinhas: VUCA, BANI, IA?

Que desafio está posto e como vamos desvendar e propor caminhos e soluções?

II. VUCA: um modelo ultrapassado?

Durante muito tempo, o conceito de VUCA, cunhado no final dos anos 80 pelo U.S. Army War College, serviu como uma bússola para navegar em ambientes turbulentos. Mas, convenhamos, uma bússola é suficiente em tempos de tempestade, em alto mar? 

  • Volatilidade era traduzida no juridiquês como aquela mudança repentina na jurisprudência que, da noite para o dia, transformava sua tese vencedora em mera divagação acadêmica.

    Quem nunca viu um leading case consolidado há tempos ruir após uma guinada surpreendente de um tribunal superior, principalmente os superiores? Lembram-se das intermináveis reviravoltas a respeito do começo do cumprimento da pena e o trânsito em julgado no STF? Isso é volatilidade.

  • incerteza, por sua vez, se materializava naquela dúvida cruel sobre o tempo de tramitação de um processo, tornando um verdadeiro parto prever desfechos processuais.

    E sobre os recursos repetitivos? Seria o seu caso, a tese do seu cliente, alcançada por um deles? E em quanto tempo?

  • Já a complexidade se revelava na intrincada rede de normas, leis, portarias e instruções normativas que, sejamos honestos, nem o mais experiente dos profissionais consegue dominar completamente, e pior, mudando a cada instante.

    A legislação tributária brasileira, com sua teia de tributos federais, estaduais e municipais, além das intermináveis obrigações acessórias, é um exemplo clássico dessa complexidade, onde o contribuinte tem certeza de, no mínimo, uma coisa: se houver uma maneira de pagar errado, pagará.

    Você certamente tem uma opinião formada sobre ela, o que acha de dividi-la na área de comentários no fim do artigo?

  • Por fim, a ambiguidade aparecia naquele contrato com cláusulas dúbias que, dependendo do humor do julgador, poderia pender para qualquer lado. Isso é VUCA, em essência, mas ele dá conta de descrever, por exemplo, as idas e vindas no STF que tanto repercutiram nos rumos do país? O caso do Difal do ICMS? Essas situações que beiram o incompreensível?

    É, parece que não, portanto será ele suficiente para preparar você, seu time, seus pares para os desafios do futuro? A verdade, nua e crua, é que o mundo VUCA, por mais desafiador que fosse, ainda permitia um certo nível de planejamento de longo prazo, um luxo que ficou no passado, esse modelo era aquela velha petição com 50 páginas.

    O mundo BANI exige algo novo, uma petição de no máximo 10 páginas – direto ao ponto.


    A questão é: O VUCA é o bastante para ajudar o advogado a enfrentar os tempos atuais, ou essa terminologia se tornou apenas o novo “blá-blá-blá” corporativo que você e eu sempre detestamos?

    Pense nisso. Vamos aprofundar?

III. BANI: a nova realidade jurídica

Se o VUCA era desafiador, o BANI é o nível “hard” do jogo. Prepare-se.

  • Entramos em uma era onde a Fragilidade impera.
    Um evento isolado, como o julgamento de um único caso emblemático pelo STF sobre correção monetária de débitos trabalhistas em meio a uma pandemia que abalou as economias global e nacional, pode desencadear uma avalanche de novas ações, obrigando escritórios a se reestruturarem da noite para o dia, isso seria uma mudança forte o suficiente para o seu planejamento, sua forma de lidar com o trabalho, gestão de tempo e clientes?
  • Some a isso uma dose cavalar de Ansiedade, afinal, quem não se sente pressionado com prazos processuais cada vez mais apertados e clientes que, graças à velocidade da informação (e muitas vezes da desinformação, justiça seja feita) e à crise, querem resultados quase instantâneos?Os resultados dos seus esforços serão recompensados na mesma medida do nível de ansiedade gerada, seja em você ou em seus clientes.
  • Na seara da Não Linearidade as mudanças no ambiente jurídico não seguem uma trajetória previsível, cada decisão gerando efeitos desproporcionais e imprevisíveis, ou a já conhecida imprevisibilidade jurisdicional em que uma mudança mínima no entendimento dos tribunais superiores sobre a incidência do ISS em contratos de licenciamento de software causa uma corrida dos contribuintes e escritórios de advocacia a medidas preventivas ou reativas para resguardar direitos?
  • Mas, espere que ainda tem mais: agora temos a Incompreensibilidade, você se depara com uma quantidade gigantesca de dados, normas, e decisões judiciais, mas com pouca capacidade de encontrar sentido e direção em meio ao caos, o caso mais notório seria a enxurrada de ações, liminares, normas federais, estaduais, municipais sobre as diversas frentes de atuação no país nos períodos de maior gravidade na pandemia do coronavírus.

    Analisar, interpretar e relacionar a imensa gama de julgados no Tribunal Regional Federal, Tribunal de Justiça do seu estado, Superio Tribunal de Justiça, e o Supremo Tribunal Federal era tarefa, antes hercúlea, e hoje, trivial para as ferramentas de IA?

    Ou você realmente acha que ainda está competindo em pé de igualdade se a sua banca não conta com os recursos que a inteligência artificial tem para facilitar o seu dia a dia na busca por informações que vão, realmente, ajudar o seu cliente, seja ele interno ou externo, se é que ainda cabe essa diferenciação.

Pense, o mundo mudou, e para ele, você já era um ser adaptado ou não.

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Seria o BANI o "novo normal" ou apenas uma fase turbulenta? O fato é que ele exige novas habilidades e estratégias, tanto para a sua sobrevivência pessoal quanto para a do seu escritório.

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Comparação direta VUCA x BANI:

CaracterísticaVUCABANI
FocoMudança e incertezaCaos e imprevisibilidade
NaturezaDesafiador, mas gerenciável com planejamento estratégicoDisruptivo, exigindo adaptação constante e rápida
RespostaFlexibilidade e visão de longo prazoResiliência, intuição, empatia e busca por significado
AnalogiaNavegar em um mar agitado, mas com um mapa e uma bússolaSobreviver a uma tempestade perfeita, onde o mapa e a bússola não ajudam tanto, afinal, até o Titanic afundou, certo?
Exemplo 1Mudanças legislativas frequentes, mas com certa previsibilidade no processo legislativo.Impactos imprevisíveis de decisões judiciais isoladas, alterando completamente o cenário jurídico para setores inteiros.
Exemplo 2Variação no volume de demandas, contudo, com certa previsibilidade.Dificuldade até em definir e medir com clareza e transparência o impacto econômico de decisões na justiça do trabalho ou em cortes superiores.
Exemplo 3Lentidão nos processos, dificuldade na coleta e interpretação de provas.Processos que antes levavam anos para ter um desfecho são agora impactados por ferramentas de jurimetria (análise preditiva de tempo e sucesso ou insucesso dos casos).
 

Conseguiu visualizar as diferenças? No mundo BANI, não basta mais ser flexível e ter uma visão de futuro; é preciso ser resiliente, intuitivo e, acima de tudo, adaptável. Não existe mais um lugar de descanso em meio ao turbilhão do trabalho. Se o VUCA já era um chamado às armas, o BANI convoca todos para uma verdadeira revolução, agora sem hora para terminar.


Se, e somente se, você chegou até aqui, está mais que pronto para sobreviver a essas intempéries. Agora é hora de virar esse jogo e liderar no caos. Pronto para o desafio?

Crédito: Stephan Grabmeier

IV. Liderança e gestão jurídica no mundo BANI

Liderar no mundo BANI é como ser um maestro em uma orquestra em que os músicos tocam instrumentos desconhecidos, afinados em escalas que se alteram com o sabor dos ventos, com uma plateia volúvel que, por vezes, mais vai do que aplaude.

Não entendeu? Eu sabia, a analogia faz jus ao cenário exposto! No dia a dia do gestor, ele precisa inspirar confiança mesmo quando, no fundo, também está cheio de dúvidas, já que todos os dias há um fato novo: tecnologia, legislação, mudança no regimento interno, no entendimento do tribunal, ou quando o cliente parece estar tão ‘possuído’ que você pensa em ‘demití-lo’. Você se vê aqui?

liderança adaptativa é a palavra de ordem, ou o mantra se assim preferir, caro colega advogado. Aquela postura inflexível e distante, já há tempos, deixou de fazer bem aos olhos do seu cliente.

Hoje, ela está fora de moda e fará mal também aos seus negócios. Líderes BANI devem ser como o “líquido amniótico” (com a licença poética aqui), um amortecedor de impactos para sua equipe: resilientes para absorver os choques, flexíveis para se adaptar às mudanças abruptas de rota, e com uma boa dose de inteligência emocional para manter a equipe motivada e produtiva, mesmo em meio ao olho do furacão, um gestor de pessoas que saiba, como um gestor de projetos, realizar as entregas necessárias em um ambiente caótico e inconstante.

A gestão de equipes nesse contexto se traduz no verdadeiro “suco” de BANI, e em como aplicar programas de treinamento que simulem crises – como mudanças repentinas na legislação, alterações em regulamentos das agências reguladoras – que desenvolvam a capacidade de adaptação rápida, e dar feedback constante para garantir que todos estejam alinhados, mesmo quando o alvo não para de se mover.

Você precisará também rever, mas sobretudo dar, na mesma medida, feedback aos seus pares. Eles também enfrentam as mesmas pressões. Não se esqueça que, apesar da aparente hierarquia, eles também enfrentam as pressões dos clientes, sejam externos, sejam internos, na sua empresa.

É o cliente interno que lhe ajuda, ou atrapalha, todos os dias.

Já na gestão do tempo, aquela velha matriz de Eisenhower (urgente x importante) pode ser um bom começo, mas não é a solução final, você pode me dizer que se perde no urgente, é consumido por demandas sem fim, sem um fim à vista e isso, somado à gestão do time, te esgota.

Não tem um dia em que você desliga o computador pensando em que momento irá priorizar aquilo que foi classificado como importante.

Parece que os incêndios não cessam de surgir, e assim a definição de prioridade é dada em função de quem grita mais alto. E isso é comum tanto para a área contenciosa, com prazos peremptórios dados pela lei ou por determinações judiciais, quanto para a área consultiva, onde o cliente interno demanda uma resposta quase tão rápida quando aquela que foi feita para um órgão de controle externo, um órgão ambiental, o Banco Central, ou mesmo para as Cortes Superiores.

É ou não um problema real? Gerenciar o próprio tempo com a pressão do chefe/sócio que quer o bônus por ter conquistado um novo cliente que não entende, ainda, que tudo, no tempo e na execução, foi afetado pela transição do VUCA para o BANI.

Pior ainda é o gestor/líder que ainda não foi convencido pelo impacto nos processos internos, do escritório ou da empresa, que essa mudança impôs. Em terra de cegos, quem tem olho… não vai muito longe se não souber descrever para onde vai, o porquê de ir e, sobretudo, como deve ser feita essa jornada.

Uma ferramenta simples, mas poderosa e ignorada solenemente é a “to do list” por período, seja por turno ou até por hora do dia. Talvez ajude na definição de metas diárias realistas para não estender o horário de trabalho até às 22h, todos os dias, no afã de zerar as demandas recebidas no mesmo dia. Implementar softwares de gestão de tarefas, como o brasileiro (e open source!) Colab, por que não um feito em casa? Ajuda.

Automatizar tarefas repetitivas é possível (jurimetria? Tem também!), ou você continuará reescrevendo os fundamentos que seu colega, na sua frente, no mesmo escritório, está descrevendo. É, parece óbvio que algo nesse sentido deva ser feito, não é?

Na tomada de decisão a palavra é assertividade, o “agir agora para reduzir perdas depois” se materializa na advocacia quando você se antecipa a potenciais problemas. No entanto, antecipar-se a problemas, por vezes, parece olhar no olho do furacão e dar de ombros para a sua força descomunal, entretanto, se antecipar também é “simples” como escolher priorizar a revisão de um contrato crítico para evitar litígios futuros que poderiam ruir com o seu planejamento – se é que ele, o seu planejamento, ainda existe nesse mundo caótico e incompreensível.

Pense fora da caixa, aliás, chute a caixa, jogue a caixa fora, pense além dos autos. É nesse cenário que, talvez, um conselho, melhor ainda se for diversificado, te ajude com mais uma camada de governança ao seu processo de tomada de decisão.

Esse “pensar diferente” pode te trazer os subsídios para a solução, ou ela inteira, por vezes de um lugar e de uma forma que você, nem no melhor dos seus dias poderia imaginar.

Em resumo, ser líder em tempos de BANI não é para amadores.

Será que estamos treinando nossos advogados para essa nova realidade, ou ainda estamos presos a modelos de gestão do século passado? Essa reflexão te ajudará a definir quais estratégias fazem mais sentido e devem ser implementadas na sua organização.

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Líderes BANI devem ser como o "líquido amniótico" (com a licença poética aqui), um amortecedor de impactos para sua equipe.

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Crédito: Stephan Grabmeier
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Se no mundo VUCA a comunicação era importante, no BANI ela é vital.

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Estratégias como a gestão de relacionamento, construção de confiança mútua e marketing jurídico serão cruciais para garantir a perenidade do seu trabalho. Reflita e busque a mudança, adapte-se.

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V. Relacionamento com clientes na era BANI

Manter um bom relacionamento com clientes no mundo BANI é como enviar um “aviso de recebimento”, é fundamental, a notificação precisa ser perfeita, não basta mais aquele “confirma recebimento aqui”, com o conteúdo em texto, somente. Um bom paralelo, talvez até didático demais.

Se no mundo VUCA a comunicação era importante, no BANI ela é vital.

Estamos falando do “saber ouvir” de forma ativa, ainda mais nos dias atuais em que o cliente, com as redes sociais, fala com os dedos, onde, mais uma vez, na enxurrada de informação, somos mais reativos do que analíticos sobre fatos, principalmente os complexos, ou seja, estamos todos falando sobre tudo sem, nem sempre, ter um pleno conhecimento.

Nesse cenário, comunicar-se de forma clara, eficiente, mas também com transparência.

Ser proativo, informar e acalmar os seus clientes. Não, isso não se aprende na graduação de direito e, definitivamente, é uma das chaves para manter um bom relacionamento com clientes no cenário de incerteza atual, bem como será, por mais paradoxal que possa parecer, algo que vai diferenciar os “humanos” das IAs.

Enquanto as IAs fazem análises estatísticas, o advogado olha nos olhos, tem empatia, tem “tato”.

Cabe lembrar que nem todo cliente é o outro advogado para quem você reporta, é preciso lembrar também de traduzir as decisões ou interpretações, de forma didática e transparente, para aqueles que não tiveram a sua formação acadêmica.

Você sabe bem do que eu estou falando, e do quanto esse ponto é, ainda hoje, negligenciado no trato, no “relacionamento” com clientes.

Construir e manter a confiança é igualmente importante, mas nesse novo cenário, demanda esforços, também eles, “extra-autos”, “extra-contrato”, demonstrando empatia, entendendo suas dores, que agora, e também não raramente, extrapolam o lado meramente financeiro, até ele, de um outro ponto de vista, é impactado pela incerteza econômica de um mundo onde todos ainda procuramos nos encontrar.

Lembra-se do exemplo das demandas em meio a pandemia e sua gestão? Pois bem, aqui está outro que poderia te ajudar no momento de construção e gestão da sua relação com clientes. Nesse ambiente, gerir as expectativas será fundamental. Seja franco sobre prazos e principalmente sobre as chances de êxito.

Já foi difícil demais convencer clientes sobre os insucessos do passado em um mundo mais previsível, como fazer no cenário atual de ansiedade e incompreensibilidade do judiciário, se você já havia vendido para ele uma causa fácil ou 100% ganha, talvez por causa do seu resultado positivo nos casos XYZ em anos anteriores?

Será no marketing jurídico, uma área, que apesar da legislação específica (você sabe qual é e deve saber do que estamos tratando aqui), ainda é vista com reservas e ceticismo no ambiente jurídico.

Aqui, cabe até a velha máxima, em tradução livre, da incerteza do amanhã ou se você quiser atualizar para a geração de “memes” na internet: vai dar certo?

Não sei, mas se der errado eu te avisei… Isso mesmo! Agora temos que considerar um outro tipo de gestão de risco para o advogado, algo com que ele, fora do âmbito das seguradoras, ainda não tinha que lidar no seu dia a dia: o gerenciamento da sua própria marca no mercado, principalmente em um cenário onde cada um se tornou uma ilha digital e todos são geradores, ainda que sem qualificação para tal, de conteúdo e de informação.

Você sabe para quem envia, ou fala em nome do escritório, nas redes sociais, mas não faz ideia de quem está lendo e qual interpretação dará.

Cuidado, é disso que estamos falando aqui. É se antecipar a esse tipo de “crise” de imagem. Será esse “novo normal”, também impulsionado pelas novas regras que estão por vir com a implementação do Provimento n.º 205/2021 do CFOAB a respeito de publicidade e limites de exposição da advocacia, um sinal de que o marketing, a publicidade são o caminho da adaptação à era da informação e à exposição inevitável que o BANI nos trouxe?

Mas ele já faz, realmente, parte da sua estratégia ou da estratégia da sua empresa e escritório, ou você segue confiando, somente, na “velha” forma de captação por meio do “boca a boca”? A adaptação a esses pontos será vital.

Talvez o grande divisor entre o profissional e o escritório de sucesso e aqueles que fecharão as portas por não se adaptarem aos novos tempos, mas principalmente ao seu novo perfil de clientes. Não deixe, por óbvio, de prever e fazer gestão desses impactos em contratos. Isso faz parte do seu “dever de casa”, já antecipo.

E você, como tem gerenciado a comunicação e a confiança na sua relação advogado-cliente em tempos de BANI?

O marketing jurídico é um aliado ou um campo minado no mundo BANI? Será o “novo normal”, também impulsionado pelas novas regras do CFOAB, um sinal de que o marketing, a publicidade são o caminho da adaptação à era da informação e à exposição inevitável que o BANI nos trouxe?

Está em dúvida de como vai adequar-se, e adaptar-se, às novas regras do provimento sobre marketing e publicidade? Talvez seja a hora de revisitar as regras e o seu “modus operandi”.

Estratégias como a gestão de relacionamento, construção de confiança mútua e marketing jurídico serão cruciais para garantir a perenidade do seu trabalho. Reflita e busque a mudança, adapte-se.

Mundo Bani x Mundo Vuca 3

Aqui estão alguns exemplos que mostram como podemos responder aos desafios atuais, observando cada letra de BANI:

Se algo é Frágil, precisamos demonstrar capacidade e resiliência.

Se nos sentimos Ansiosos, precisamos de empatia e atenção plena (mindfulness).

Se algo é Não-linear, requer contexto e adaptabilidade.

Se algo é Incompreensível, exige transparência e intuição.

VI. Inteligência Artificial e o futuro da advocacia

A IA é, ao mesmo tempo, uma “carta-bomba” e uma “carta na manga” para a advocacia. Se bem utilizada, a IA é como um poderoso assistente jurídico que nunca dorme e está sempre aprendendo.

Entre as oportunidades, a automação de tarefas repetitivas, como a revisão de documentos (você realmente acha, na era da informação e dos impactos da transformação digital, que revisar todos os documentos manualmente não te coloca em desvantagem perante a concorrência?) e a pesquisa de jurisprudência (quantas vezes, no “old school”, você deixou passar um detalhe crucial por cansaço ou desatenção, e isso impactou a sua entrega para o cliente?), liberando você, eu e os demais para atividades mais estratégicas (lembra do “importante x urgente”, pois bem, aqui está a chance de virar esse jogo) que nós temos deixado de lado há tempos: pensar estrategicamente, negociar e melhorar o atendimento a clientes, dedicar mais tempo na prospecção de novos clientes, desenvolver estratégias e buscar atualizar-se a respeito do mercado em que atua e onde estão os seus clientes.

Além da IA melhorar e muito, na verdade mudar a forma com que a sua área faz a gestão do conhecimento. Uma IA “conversa” com a outra e troca, analisa, informações em um intervalo muito menor do que o “rádio corredor” levava para trazer a mesma informação, mesmo que de uma forma imprecisa.

Isso sem contar que, pelo viés, principalmente do cliente interno, a redução de custos, um mantra, pelo menos no meio corporativo, já há bons anos, se tornou uma verdade inegável, pois há redução real de tempo e esforço e na entrega.

É como um ganha-ganha, onde você foca, se dedica e despende o seu tempo no que vai trazer mais resultado. A jurimetria, uma ferramenta poderosa de predição de decisões e análise de riscos e um dos primeiros movimentos de aproximação da IA com a advocacia, com softwares como o da empresa brasileira Inspira AI (especializada em jurisprudência), já são realidade e afetam diretamente a forma com que você faz o seu trabalho, mesmo sem, ainda, saber disso.

Uma ferramenta de jurimetria pode trazer ganhos efetivos na condução de processos contenciosos que, antes, você levaria anos para atingir, sem contar no provisionamento de contingências, no qual o conhecimento apurado das tendências das decisões judiciais e as análises de riscos dão subsídios suficientes para que, o passivo potencial da sua banca e a reserva financeira feita para arcar com esses custos sejam mais precisas.

Você já pensou no que, para os clientes corporativos, uma redução no passivo ou um provisionamento menor podem fazer pela sua área, pela sua banca?

Mas claro, a advocacia do futuro impõe também os seus desafios para a gestão de escritórios. Você sabe que “jogar” tudo o que era físico para o ambiente virtual não foi fácil, que “nem tudo são flores” nessa adaptação e que agora, por meio das IAs generativas, é hora de um novo passo. Mas, não sem riscos.

Sim, somos um grupo seleto que adora fazer análises, mas, como tudo que traz “muitos benefícios” e é acessado por muita gente de forma, em algumas situações, irresponsável, vai te trazer uma série de desafios éticos e operacionais para você se preocupar.

O medo mais palpável talvez seja a perda de postos de trabalho que é real (e foi uma das forças propulsoras da digitalização em outras áreas e negócios), com a automação de tarefas que antes cabiam a advogados júnior ou paralegais (quem não passou pela experiência de classificar documentos “a unha”, digitalizar todos e conferir se havia falhas na digitalização?), sem contar no potencial risco na segurança da informação, uma vez que dados sigilosos de clientes e processos que não podem ser violados devem ser “trabalhados” dentro dessa ferramenta (ou dentro do banco de dados, já disponível, dessas IAs generativas), sob pena de, no mínimo, ter o sigilo entre cliente e advogado violado.

E esse é um “risco” que foi, inclusive, negligenciado por muitos colegas na época da implementação de ferramentas de gerenciamento eletrônico de processos.

Por isso, também, é crucial investir em treinamento para garantir o uso ético e eficiente da IA, mitigando riscos e, principalmente, evitando os vieses, ou seja, o resultado ou interpretação errônea por causa da entrada incorreta, ou interpretação incorreta de informações pelo seu time e, por isso a necessidade do treinamento.

A “entidade” I.A., apesar do nome e do seu potencial, se utilizada de forma irresponsável ou negligente, irá lhe gerar transtornos irreparáveis e, em algumas situações, irreversíveis para você e seus clientes.

Afinal, os benefícios são muitos e notórios, e os riscos e os desafios dessa implementação ainda não foram plenamente mapeados.

Para tanto, as estratégias passam por investir em requalificação profissional (já pensou que os “excluídos” podem, também, ser realocados e treinados, principalmente aqueles do seu próprio escritório, para atuar no seu “ecossistema”, ao invés de recorrer a um “estranho”?).

Outro ponto a ser considerado é promover a colaboração entre humanos e máquinas (como visto anteriormente, é fundamental dar ao profissional as condições necessárias para trabalhar de forma otimizada, tanto em estrutura, ferramental, quanto em treinamento, engajamento, feedback, remuneração e incentivo, enfim, toda a sorte de práticas positivas para a retenção desse talento), e não a competição, até porque a colaboração faz parte da adaptação aos preceitos do mundo BANI.

Será necessário repensar e criar limites regulatórios claros e transparentes para o uso da IA na advocacia, tal qual foi feito recentemente em relação ao seu uso pelo Judiciário.

Você, advogado, advogado, gestor, gestora já deve, por meio das suas associações, escritórios ou área jurídica em que trabalha, iniciar esses debates com os seus pares para propor caminhos ao judiciário e, dessa forma, estar à frente no uso dessa ferramenta.

Mas, e para os escritórios de menor porte, aqueles que são “bancas de um homem ou de uma mulher só”, o que muda? Será esse profissional alijado da utilização de ferramentas de IA ou, forçado pelo “novo mercado”, esse advogado precisará investir em capacitação própria para, ainda assim, estar em pé de igualdade no uso da IA?

Há espaço, como foi dito anteriormente, para todos os profissionais, a grande questão será a “disposição e a abertura” à capacitação necessária e à utilização em seu benefício.

Estamos prontos para abraçar a IA como aliada ou a tememos como uma ameaça? O futuro da advocacia depende dessa resposta.

Cabe a reflexão para saber se seremos coadjuvantes, figurantes ou protagonistas nessa adaptação inevitável, até como forma de atender, ou antecipar, as novas demandas e necessidades do seu cliente, mas também, e agora principalmente, visando manter os seus profissionais engajados.

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A "entidade" I.A., apesar do nome e do seu potencial, se utilizada de forma irresponsável ou negligente, irá lhe gerar transtornos irreparáveis e, em algumas situações, irreversíveis para você e seus clientes.

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Estamos prontos para abraçar a IA como aliada ou a tememos como uma ameaça? O futuro da advocacia depende dessa resposta.

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Utilizar a CNV demonstra empatia e respeito. Em um ambiente jurídico tão sensível, onde a confiança é essencial, essa abordagem melhora significativamente a experiência do cliente.

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VII. Comunicação Não Violenta: A habilidade essencial no Mundo BANI

Antes de chegarmos à conclusão, precisamos falar sobre uma ferramenta poderosa para navegar o mundo BANI: a Comunicação Não Violenta (CNV). Em um cenário de alta pressão, fragilidade e ansiedade, a maneira como você se comunica – com sua equipe e com seus clientes – faz toda a diferença.

A CNV, desenvolvida por Marshall Rosenberg, se baseia em quatro componentes: observação, sentimento, necessidade e pedido. Parece simples, mas a aplicação consistente pode transformar suas relações.

Com sua equipe (liderança): Imagine um prazo apertado e um membro da equipe atrasado em uma tarefa crucial. Ao invés de uma repreensão impulsiva, a CNV sugere uma abordagem empática:

  • Observação: “Observei que o relatório ainda não foi entregue.”

  • Sentimento: “Sinto-me preocupado com o cumprimento do prazo.”

  • Necessidade: “Preciso do relatório para concluir a estratégia de defesa do cliente.”

  • Pedido: “Você poderia me dizer o que aconteceu e como podemos resolver isso juntos?”

Essa abordagem, ao contrário de uma comunicação reativa e acusatória, promove a colaboração e a resolução de problemas. Em um mundo BANI, onde a fragilidade e a ansiedade são constantes, esse tipo de comunicação construtiva é fundamental para manter a equipe motivada e engajada.

Com seus clientes (CRM): A CNV também melhora o relacionamento com o cliente. Num ambiente de incerteza jurídica, o cliente pode se sentir ansioso e frustrado. A comunicação não violenta ajuda a acalmá-lo e construir confiança:

  • Observação: “Observei que você está preocupado com o andamento do processo.”

  • Sentimento: “Entendo sua preocupação e frustração.”

  • Necessidade: “Precisamos manter a comunicação transparente para que você se sinta seguro durante o processo.”

  • Pedido: “Gostaria de agendar uma reunião para discutir os próximos passos e esclarecer suas dúvidas.”

Utilizar a CNV demonstra empatia e respeito. Em um ambiente jurídico tão sensível, onde a confiança é essencial, essa abordagem melhora significativamente a experiência do cliente.

Dicas práticas: Incorpore a CNV em seus treinamentos internos. Incentive sua equipe a utilizar os quatro componentes da CNV em todas as interações. Implemente um sistema de feedback que permita que a equipe avalie a comunicação interna e identifique áreas para melhoria. Promova workshops sobre comunicação assertiva e empática para aprimorar a comunicação com os clientes.

VIII. Prosperando no Mundo BANI

O mundo BANI não é um convite ao pessimismo, mas um chamado à ação. Ele exige uma mudança de mentalidade, tanto individual quanto organizacional.

É hora de trocar o “sempre fizemos assim” por “como podemos fazer diferente e melhor?”. Na advocacia, isso significa repensar modelos de liderança, gestão, relacionamento com clientes e até a forma como usamos (ou não) a tecnologia.

Afinal, se continuarmos com a mentalidade estática de um mundo previsível, que foi sacudido pela digitalização em um primeiro momento, e que agora tem a IA como o seu principal motor e impulsionador, a nossa, a sua adaptação, se tornará cada vez mais difícil.

Se, e somente se, ainda formos necessários nesse admirável mundo novo trazido pelas mudanças no cenário mundial e que são o foco desse breve artigo, em especial, a IA generativa, já pensou no que um “par” seu ou o “estagiário”, dotados de inteligência artificial, farão de diferente?

Os profissionais do direito que se destacarem nesse novo cenário serão aqueles que desenvolverem sua resiliência, sua capacidade de aprender e se adaptar, e que abraçarem a incerteza, não mais como um bicho-papão, mas como uma oportunidade de inovar e, mais importante ainda, prosperar e garantir que, dentro do “admirável mundo novo” ainda exista, mas principalmente ainda se faça necessário.

Então, mãos à obra! Comece pequeno, mas comece agora, ainda há tempo de protagonizar essa mudança e ser uma referência na sua área, na sua banca ou empresa em que trabalha, ou ainda pensa em vir a trabalhar.

E você, está pronto para deixar sua marca no mundo BANI da advocacia?

E lembre-se que a Advoco Brasil é parceira na sua jornada e também quer fazer parte da construção da “nova advocacia”, seja ela disruptiva ou não. Junte-se a nós nessa empreitada!

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Os profissionais do direito que se destacarem nesse novo cenário serão aqueles que desenvolverem sua resiliência, sua capacidade de aprender e se adaptar, e que abraçarem a incerteza, não mais como um bicho-papão, mas como uma oportunidade de inovar e, mais importante ainda, prosperar e garantir que, dentro do "admirável mundo novo" ainda exista, mas principalmente ainda se faça necessário.

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Porque VUCA e BANI não são só modismos gerenciais (e você precisa se ligar!)

Não, se você entender como aplicá-los. VUCA e BANI não são apenas buzzwords; são modelos que descrevem a realidade volátil e imprevisível da advocacia moderna. Ignorá-los é como tentar navegar usando um mapa do século XIX – você pode até chegar lá, mas vai levar muito mais tempo e provavelmente vai naufragar no caminho.

A beleza do BANI é que ele não exige uma reestruturação completa da sua empresa. Comece pequeno. Um sistema simples de gerenciamento de tempo, treinamento em comunicação eficaz e uma planilha para monitorar riscos já fazem uma diferença enorme. A sofisticação vem com o tempo. Não se cobre tanto.

Não. A previsibilidade não é o objetivo. O objetivo é a resiliência. É como em um processo judicial: você não pode garantir a vitória, mas pode construir uma defesa sólida e se preparar para diferentes cenários. O BANI te ensina a construir essa defesa.

O BANI afeta todas as áreas do direito. No Direito Tributário, a constante mudança de legislação gera fragilidade e ansiedade. No Direito Trabalhista, a incerteza econômica impacta diretamente a quantidade de processos. Adapte os princípios BANI às especificidades da sua área.

Relaxa, você não vai ser substituído por um robô (ainda!). A IA é uma ferramenta poderosa. Mas quem a utiliza com inteligência, estratégia e ética, é quem vai se destacar. O medo da IA é mais um sintoma da ansiedade do BANI do que uma ameaça real.

Transparência, comunicação e ações concretas são a chave. Informe a equipe sobre os desafios, promova a discussão aberta e demonstre sua resiliência. Lembre-se: a ansiedade é contagiosa, mas a calma e a proatividade também. Se você demonstra liderança em meio ao caos, sua equipe vai te seguir.

  1. Avaliação de Riscos: Identifique os pontos fracos do seu escritório e crie planos de contingência.

  2. Treinamento: Invista em treinamento para sua equipe em gestão de tempo, resolução de conflitos e comunicação estratégica.

  3. Comunicação: Melhore os seus canais de comunicação internos e externos.

  4. Tecnologia: Explore ferramentas tecnológicas que podem ajudar a automatizar tarefas e melhorar a eficiência.

Comece com um passo por vez, e veja como se sair melhor em um mundo imprevisível. A chave não é controlar o caos, mas dançar com ele.

Sim! Há diversos recursos disponíveis, procure por materiais sobre gestão de crises, resiliência organizacional e liderança adaptativa. Claro que nós da Advoco já implementamos inúmeros projetos e dominamos esses conceitos e sua aplicação prática ao mundo jurídico. Fale conosco.

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Precificação com base na tabela da OAB

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Lidar com gente parece fácil, mas não é!

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