A sombra da velocidade: quando a fluência da IA ofusca a acurácia no Direito

Diante de tantas inteligências artificiais, qual usar? O que diferencia uma da outra?

Veja uma análise bem aprofundada dos riscos de usar IA de forma inadequada no Direito.

No universo jurídico, a precisão e a confiabilidade são pedras angulares. Cada vírgula, cada termo, cada interpretação carrega o peso de consequências reais. 

No entanto, a crescente popularização das ferramentas de Inteligência Artificial (IA) no Direito traz consigo um dilema: a sedução da velocidade e da fluência muitas vezes ofusca a necessidade vital da acurácia.

As IAs, em sua essência, são treinadas em vastos oceanos de dados, aprendendo a identificar padrões e gerar textos que impressionam pela sua fluidez e coerência superficial. 

Elas são capazes de produzir respostas rápidas e aparentemente completas, o que, em um primeiro momento, pode parecer um trunfo inegável para o advogado pressionado por prazos e assoberbado por um volume crescente de trabalho. 

Contudo, essa mesma fluência pode ser uma armadilha, um véu que oculta a falta de profundidade e a imprecisão que residem sob a superfície brilhante.

A realidade é que, para o advogado, a velocidade de resposta raramente é o fator mais crítico. O que realmente importa é a profundidade da análise, a solidez da fundamentação e, acima de tudo, a segurança da informação utilizada. 

Uma resposta rápida, mas imprecisa, pode levar a erros graves, com consequências desastrosas para os clientes e para a reputação do profissional. Uma petição gerada por IA que soe eloquente, mas que careça de embasamento jurídico sólido ou que falhe em considerar nuances relevantes do caso, é mais prejudicial do que útil.

É nesse ponto que reside o perigo da confiança cega na IA. A facilidade de obter respostas prontas pode levar à negligência da pesquisa aprofundada, do raciocínio crítico e da validação cuidadosa das informações. O advogado pode ser tentado a delegar à máquina a responsabilidade intelectual que, em última instância, é sua.

Por isso, a chave para utilizar a IA de forma eficaz no Direito não reside na simples aceitação passiva de suas respostas, mas sim na interação ativa e crítica com a ferramenta. É aqui que entra a arte de “conversar” com a IA, a habilidade de elaborar prompts bem estruturados, específicos e detalhados.

Dominar a elaboração de prompts é essencial para extrair o melhor da IA sem comprometer a acurácia. Um prompt genérico e mal formulado resultará em uma resposta igualmente genérica e, provavelmente, imprecisa. 

Por outro lado, um prompt que delimite claramente o contexto, especifique as fontes desejadas, defina o tipo de análise esperada e questione criticamente os pontos ambíguos, tem o potencial de gerar uma resposta muito mais útil e confiável. O advogado deve atuar como um maestro, conduzindo a IA com perguntas precisas e direcionando-a para os caminhos da análise jurídica aprofundada.

Em conclusão, as IAs são ferramentas poderosas que podem auxiliar o advogado em diversas tarefas, mas jamais devem substituir o seu discernimento, a sua expertise e a sua responsabilidade. A velocidade e a fluência são características atraentes, mas secundárias no Direito.

acurácia, a fundamentação sólida e a segurança da informação são, e sempre serão, os pilares do exercício jurídico. Portanto, mais do que aprender a receber respostas rápidas da IA, o advogado moderno deve dominar a arte de dialogar com ela, transformando-a em uma aliada eficaz na busca pela justiça, e não em um atalho perigoso para o erro.

A promessa da IA no Direito reside não na substituição do julgamento humano, mas sim em sua ampliação e aprimoramento, guiados pela sabedoria e pela diligência do profissional que a comanda.

Essa tabela e análise oferecem uma visão detalhada para ajudar advogados a selecionar a IA mais adequada às suas necessidades.
Modelo ChatGPT (GPT-4) ChatGPT O1 ChatGPT O1 Mini Gemini Experimental Gemini Flash Thinking Claude 3.5 (Cloud AI) DeepSpeed V3 NotebookLM (Google)
Análise de Peças Jurídicas 8 9 6 10 6 9 5 8
Interpretação de Contratos 8 9 6 10 7 9 6 8
Elaboração de Pareceres 9 10 7 10 6 9 6 8
Produção de Documentos 8 9 6 9 7 9 5 9
Leitura de PDFs Grandes 7 8 5 10 6 8 5 10
Velocidade de Resposta 8 6 10 6 9 8 10 6
Capacidade de Contexto 8 9 5 10 6 8 4 9
Criação de Assistentes 9 9 9 0 0 0 0 0
Custo-benefício 7 6 9 6 9 8 10 7
Acurácia Jurídica 8 10 6 10 7 9 6 8
Acessibilidade 9 8 9 7 8 8 9 8

Principais modelos e justificativas

  1. ChatGPT (GPT-4):

    • Pontos Fortes: Capaz de lidar com análises jurídicas e produção de pareceres com alto grau de precisão. Boa escolha para escritórios que precisam de um modelo flexível e confiável.
    • Pontos Fracos: A janela de contexto limitada (128 mil tokens) pode ser um gargalo para documentos muito extensos ou complexos.
  2. ChatGPT O1:

    • Pontos Fortes: O modelo mais avançado em termos de acurácia e capacidade de raciocínio para tarefas jurídicas, com excelente contextualização e atenção a detalhes.
    • Pontos Fracos: Pode ser lento para consultas rápidas e tem um custo operacional elevado.
    • Ideal para: Escritórios que precisam lidar com casos complexos ou que exigem maior atenção a detalhes interpretativos.
  3. ChatGPT O1 Mini:

    • Pontos Fortes: Rápido e acessível, adequado para tarefas rotineiras ou de baixa complexidade, como preenchimento de petições padronizadas.
    • Pontos Fracos: Limitação na capacidade de contexto e detalhamento reduzido em tarefas analíticas.
    • Ideal para: Uso em consultorias rápidas ou escritórios pequenos.
  4. Gemini Experimental:

    • Pontos Fortes: A maior capacidade de contexto (2 milhões de tokens) o torna ideal para cruzamento de múltiplos documentos extensos. Ótima escolha para consolidar informações jurídicas complexas.
    • Pontos Fracos: A velocidade é reduzida em comparação a modelos menores e pode ser menos intuitivo em tarefas mais simples.
    • Ideal para: Escritórios grandes ou departamentos jurídicos com grande volume de dados.
  5. Gemini Flash Thinking:

    • Pontos Fortes: Alta velocidade, útil para respostas rápidas e consultas pontuais.
    • Pontos Fracos: A janela de contexto de 32 mil tokens é limitada, reduzindo a aplicação em análises ou produções de documentos extensos.
    • Ideal para: Tarefas rápidas, como consultas de cláusulas específicas ou verificações menores.
  6. Claude 3.5 (Cloud AI):

    • Pontos Fortes: Excelente equilíbrio entre custo, acurácia e capacidade de raciocínio jurídico. Janela de contexto de 200 mil tokens é suficiente para a maioria dos casos.
    • Pontos Fracos: Limitação no número de arquivos processados simultaneamente.
    • Ideal para: Escritórios de médio porte focados em qualidade e agilidade.
  7. DeepSpeed V3:

    • Pontos Fortes: Extremamente rápido e de baixo custo, adequado para automação de tarefas repetitivas, como digitalização de cláusulas e termos padrão.
    • Pontos Fracos: Pouca flexibilidade em tarefas interpretativas ou criativas.
    • Ideal para: Automação e processos administrativos.
  8. NotebookLM (Google):

    • Pontos Fortes: Alta capacidade de personalização e contextualização para tarefas específicas. Excelente para interpretação e produção de documentos altamente técnicos.
    • Pontos Fracos: Interface menos intuitiva e custo-benefício dependente de integração com outras ferramentas.
    • Ideal para: Advogados que lidam com grandes volumes de documentos técnicos ou que precisam de uma análise mais analítica de textos.

 

Considerações finais

  • Para escritórios grandes e tarefas complexas: Gemini Experimental ou ChatGPT O1 são as melhores opções.
  • Para tarefas rápidas e econômicas: Gemini Flash Thinking e DeepSpeed V3 oferecem excelente custo-benefício.
  • Para um equilíbrio entre custo e precisão: Claude 3.5 é uma excelente escolha.
  • Para alta personalização e integração técnica: NotebookLM é a solução ideal.

Pagar ou não pagar o ChatGPT ou o Claude?

Embora a tabela aponte o DeepSpeed V3 como a opção de melhor custo-benefício, uma análise focada em escritórios de advocacia revela que investir no ChatGPT (seja nas versões GPT-4, O1 ou O1 Mini) ou no Claude 3.5 pode ser mais vantajoso a longo prazo.

A questão central não reside apenas no preço, mas na qualidade e profundidade das respostas, crucial para o trabalho jurídico.

Enquanto ferramentas gratuitas ou de baixo custo se destacam na velocidade e na automação de tarefas simples, elas carecem da acurácia jurídica, da capacidade de interpretação aprofundada de contratos e da elaboração de pareceres complexos que as versões pagas do ChatGPT e o Claude 3.5 oferecem.

Além disso, somente a linha do ChatGPT apresenta a funcionalidade de criação de assistentes, permitindo a automação personalizada de fluxos de trabalho, algo inestimável para a otimização da rotina de um escritório.

Portanto, para o advogado que busca não apenas eficiência, mas também segurança e confiabilidade em suas análises e produções textuais, o investimento em uma dessas ferramentas pagas se traduz em um diferencial competitivo significativo, justificando o custo mais elevado em comparação com opções mais básicas, mas também mais limitadas em termos de recursos essenciais para a prática jurídica de excelência.

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